domingo, 8 de agosto de 2010

Sobre a mostra de exercícios

(ver post relacionado)

À exceção das coisas que deram errado, deu tudo certo. O que eu quis dizer com isso: o resultado foi, na minha opinião, positivo. As cenas do círculo de giz funcionaram quase perfeitamente, incluindo os elementos adicionados de última hora, como as aparições do Pato Donald de pelúcia. Não me atrapalhei com as falas durante as cenas Simão/Grucha, e conseguimos encobrir os poucos erros nas falas na cena da Mulher do Governador. Os colegas da outra turma estavam lá para fazer tudo ficar melhor ainda: as cenas deles estavam ótimas. No geral, o público pareceu ter gostado.

Não bastasse isso, ainda tive um daqueles momentos únicos. Momentos de que dificilmente se esquece. Foi quando concluímos a cena da Mulher do Governador. Na cena, Simão (meu personagem) tenta, com urgência, tirar Natella Abashvíli (esposa de um governador da Geórgia) do palácio por causa das rebeliões, ao passo que ela só está preocupada em colocar os vestidos na mala para a viagem. Essa cena nos deu, nos ensaios, muito mais trabalho do que qualquer outra, por causa de seu ritmo: tudo devia ser muito rápido para passar a idéia de urgência e desespero. Agora, ao tentar lembrar da cena toda na apresentação, não consigo lembrar de muita coisa, só tenho o sentimento de que foi algo muito intenso e efêmero. Lembro, sim, de tudo o que aconteceu depois. Saí do palco carregando a Lu (Natella) como se fosse um saco de batatas. Ao colocá-la no chão, atrás das cortinas, senti como se todo aquele desespero da cena estivesse querendo explodir dentro de mim: não conseguia parar de tremer. Penso que a isto foi somada a euforia de ter concluído aquela cena com êxito, aumentando ainda mais a tremedeira. Não lembro de alguma outra vez em minha vida ter sentido algo com semelhante intensidade.

É por essas e outras que cada vez mais não consigo pensar na minha vida dissociada do teatro. É difícil não esboçar um sorriso ao lembrar do momento: eu largando a Lu no chão e começando a tremer, enquanto ela, estática e rindo, sussurrava: Pedro, deu certo!

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