quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

30

Teatro perde Nelson Rodrigues

O teatro brasileiro perdeu ontem um de seus mais conceituados autores. Depois de oito paradas cardíacas, morreu, às 8h, o jornalista, escritor e teatrólogo Nelson Rodrigues (foto ao lado). Em 1939, ele viu sua primeira peça ser encenada, A Mulher Sem Pecado, pela qual recebeu favoráveis críticas de intelectuais como Manuel Bandeira e Álvaro Lins. Mas foi com Vestido de Noiva, de 1941, que Nelson Rodrigues estabeleceu um marco decisivo na história do teatro nacional. O teatrólogo será sepultado hoje, às 11h, no cemitério São João Batista, no Rio.

***

Cópia da notícia da ZH de hoje, notícia originalmente publicada em 22 de dezembro de 1980. A foto não é a mesma que apareceu no jornal, mas é o Nelson ali, isso que importa.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

não volta

Plaza de Armas à noite. Foto tirada com o celular durante muito pisco e muita conversa com o Edgardo.

Vontade de não ter voltado...

domingo, 5 de dezembro de 2010

a bactéria e a nasa

descoberta a bactéria que pode usar arsênio em vez de fósforo no seu dna. saber que fósforo não é elemento essencial para que exista vida faz com que saibamos que a vida pode existir em mais ambientes do que pensávamos. estamos um passo mais próximos de descobrir vida extraterrestre.

enquanto isso, aqui, na terra, a fome continua. não fui eu quem escreveu isso. foi Saramago, num poema chamado "Fala do Velho do Restelo ao Astronauta".

Aqui, na Terra, a fome continua,
A miséria, o luto, e outra vez a fome.

Acendemos cigarros em fogos de napalme
E dizemos amor sem saber o que seja.
Mas fizemos de ti a prova da riqueza,
E também da pobreza, e da fome outra vez.
E pusemos em ti sei lá bem que desejo
De mais alto que nós, e melhor e mais puro.

No jornal, de olhos tensos, soletramos
As vertigens do espaço e maravilhas:
Oceanos salgados que circundam
Ilhas mortas de sede, onde não chove.

Mas o mundo, astronauta, é boa mesa
Onde come, brincando, só a fome,
Só a fome, astronauta, só a fome,
E são brinquedos as bombas de napalme.


sintética contextualização:

O episódio do Velho do Restelo, situado no final do quarto canto d’Os Lusíadas, é um dos mais marcantes na obra de Camões. O Velho é uma personagem que apresenta o lado negativo das navegações, do imperialismo. Ele critica a viagem, dizendo que é motivada por ambição e por cobiça, e que, com a saída dos homens, o país fica desprotegido. Este episódio faz um forte contraponto ao restante do poema épico, o qual exalta o reino português e sua expansão ultramarina.

A figura do Velho do Restelo serviu de inspiração a José Saramago para a escrita de Fala do velho do restelo ao astronauta, poema publicado em 1966 em Os Poemas Possíveis. No século XV, o Velho se dirigiu ao marinheiro, no século XX, dirige-se ao astronauta: assim como Camões criticou o marinheiro imperialista que, por cobiça, deixou sua terra desprotegida, Saramago critica a guerra fria ("o astronauta"), em que muito se gastou recursos com armamento e com a corrida espacial enquanto faltavam recursos para acabar com a fome no mundo.

Só para deixar registrado: há um cantor português que musicou o poema do Saramago. Nada que, na minha opinião, valha a pena ser conhecido. Sabe quando uma melodia combina perfeitamente com a letra? Sabe? Pois esse caso é exatamente o contrário.